Comportamento empreendedor nas organizações é ingrediente para inovar.
Quando se fala em comportamento empreendedor logo vem à tona o papel dos líderes nas organizações, ou seja, aqueles que comandam equipes, usam seu carisma e poder de persuasão para implementar seus projetos empresariais.
Ao se observar a liderança por essa perspectiva, pode-se imaginar que apenas aqueles gerentes e executivos de mais alto posto e hierarquicamente mais bem posicionados é que têm condições de implementar ações de cunho empreendedor.
Este acaba sendo um grande erro que leva as empresas e seus funcionários a agirem de forma reativa, usando abordagens exageradamente top-down (ações de cima para baixo), limitando a disseminação de uma cultura empreendedora em todos os níveis organizacionais.
E por que seria interessante essa cultura empreendedora nos vários níveis organizacionais? Qual o propósito de se discutir ou implementar ações nesse sentido?
Ora, ao se observar como o processo de inovação ocorre nas grandes corporações, nota-se que é de extrema importância o envolvimento e o bom entendimento entre as várias áreas da empresa, desde a área de pesquisa e desenvolvimento (P&D), a área de marketing e relacionamento com o consumidor, até as áreas de vendas, produção etc.
Mas é sabido o quanto é difícil os novos projetos serem aprovados e aceitos pelas várias áreas organizacionais. Mesmo quando os processos internos estão bem definidos e mapeados, sempre surgem aqueles contrários ao desenvolvimento de projetos fora do escopo de trabalho da área.
Os pequenos feudos organizacionais, devidamente suportados pelas estruturas hierarquizadas e burocraticamente institucionalizados, acabam por barrar projetos inovadores que poderiam trazer ganhos reais à empresa.
Isso muitas vezes ocorre, entre outros fatores, pelo fato de a liderança não estar difundida em todos os níveis da organização, o que é intimamente ligado à disseminação da cultura empreendedora na empresa.
Aos níveis hierárquicos mais altos, geralmente é atribuído o papel de gerente e de líder, que na verdade são atributos complementares, e o último pode e deve ser exercido em todos os níveis organizacionais.
Ambos, gerenciamento e liderança, são necessários para o sucesso dos negócios da empresa no cada vez mais complexo e imprevisível ambiente competitivo em que esta está inserida.
As funções gerenciais dos executivos — lidar com a complexidade dos negócios, planejar e definir orçamentos, organizar e comandar pessoas, controlar e resolver problemas — são extremamente necessárias e continuarão a ser, mas não substituem ou não podem ser confundidas com as funções de liderança — lidar com a mudança, definir direções a seguir, orientar pessoas, motivar e inspirar.
A função gerencial é fazer o status quo funcionar bem, já a de liderança diz respeito ao convencimento, inspiração e início da mudança. Por isso que a liderança pode e deve estar presente em todos os níveis da organização, pois esta é uma forte característica empreendedora que leva as pessoas a buscarem novas formas de fazer as coisas.
Este texto foi escrito com base no livro “Empreendedorismo Corporativo”, de José Dornelas.